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12 de maio de 2025
O que Nietzsche estava querendo transmitir com seu texto: Verdade e Mentira no Sentido Extramoral?


Verdade e Mentira no Sentido Extramoral


O artigo escrito por: Comum (2001), trás de maneira bem clara oque Nietzsche estava querendo relatar com seu texto: Verdade e Mentira no sentido extramoral, escrito no ano de 1873, quando ele começou a se distanciar intelectualmente de Schopenhauer. Ele já tinha escrito uma obra literária chamada: "Sobre o pathos da verdade" onde ele já anunciava essa ruptura com sua orientação anterior, e agora seguindo sua linha de pensamento certamente herdade principalmente de Kant da sua obra: Critica da Razão Pura. De qualquer forma, a grande discussão sempre foi o tema da "verdade", uma questão problema que Nietzsche jamais abandonará. (Comum, 2001)

Nieztsche envolve a ciência e a arte em uma competição, na qual ele destaca a forma desesperadora da verdade da ciência, e para a forma salvadora da arte: "a verdade aniquila a vida, e a tarefa da arte é salva-lá " (Comum, 2001).

O filósofo se destaca por se opor a idolatria da verdade e ao otimismo dos modernos vazios. Deste modo, "Verdade e Mentira" é um texto em que Nietzsche de certo modo exercita e prenuncia sua análise genealógica dos seus anos de estudo, e sua perspectiva que toma o pathos (vem do grego que significa patologia), como ponto de partida para desvendar o tipo de conhecimento que é produzido no mundo. Portanto, trata-se de um texto de certo modo "inaugural" no qual Nieztsche investe contra a filosofia moderna. (Comum, 2001)

Afinal, oque era o pathos para o filosófo? Para ele o pathos de verdade seria: "um estado de ânimo produzido por uma situação de desamparado características da condição humana" Comum (2001 apud Nieztsche 1875), ou seja, o homem como um animal transitório e iludido. Foi exatamente esse pathos que alimentou a vaidade do filosófo e sua soberbia, e foi também oque lhe afastou dos discurso do que era o mundo real, e do tempo presente, colocando-o no plano da eternidade e universalidade. Mas, foi esse mesmo pathos que o levou ao desencanto e desespero quando teve consciência do absurdo da fugacidade da existência, e quando descobriu que a verdade, tal como é buscada até o momento pelas correntes filosóficas, não passava apenas de um engano, uma fraude, uma armadilha. —Por que razão o mundo se mostraria como ele é? Por que acolher certeza de uma consciência que era somente espelho e superfície? (Comum, 2001)


Nieztsche propõe a tese da relatividade do conhecimento humano, e, ainda mais, a tese da pobreza da pretensão e da arrogância dos filósofos quando movidos pelo pathos da verdade. Aquilo que o filósofo tem como mais sagrado, isto é, o intelecto, era para ele fugaz e com um horizonte muito limitado. Ressalta que: "o intelecto uma espécie de órgão fingidor que opera ocultando o fundo trágico da existência" (Campo, 2001) e continua: "o intelecto ilude, dissimula, forja imagens luminosas, tudo para lançar um véu sobre esse fundo trágico e assim continuar vivendo". (Campo, 2001)


Ora, mas qual seria a origem desta crença na verdade? Qual a origem da oposição de verdade e mentira? Nietzsche responde: "a verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde" (Nieztsche, 1873), ou seja, o homem chama de verdade aquilo que ele conserva no rebanho, e chama de mentira tudo aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. A verdade e a mentira são ditas a partir dos critérios e utilidades que o rebanho liga a paz. Deste modo, gestos, palavras, e discursos que manifestem uma experiência individual própria em oposição aquela do rebanho, caso não seja compreendida ou demonstrem algum perigo para aqueles do rebanho, deste modo, em primeiro lugar, a verdade, será a verdade do rebanho.


Nietzsche argumenta que a verdade é expressa através de palavras, mas estas são metáforas que não correspondem à realidade. Ele critica a relação de causalidade entre impulso, imagem e som, e a correspondência entre sujeito e objeto. Os conceitos, usados pela filosofia e ciência para revelar a verdade, são metáforas construídas a partir da identificação do não idêntico, abstrações que ignoram as diferenças. Para Nietzsche, o homem é um "gênio da arquitetura" e "mestre da dissimulação", cuja tarefa é metaforizar o mundo em sons, palavras e conceitos, permitindo a sua existência contínua. (Comum, 2001)


Referência:

Comum. Rio de Janeiro. V,6, n17, p. 05 a 23, jul/dez 2001.